sábado, 12 de dezembro de 2009

Trechos Inéditos



Estava eu na Av. Paulista, entre tantos, encostada numa banca de jornal em frente a Gazeta, esperando pelo ônibus.
No começo um furor me tomava o corpo. Era o início de uma retomada.
Estava de trabalho novo, e-mail, cartão de visita, me apresentando formalmente.
A Av. vislumbra um horizonte tão comprido, que ela por si só parece um mundo inteiro.Arquitetônico Horizonte.
O trabalho me tomava o tempo e me colocava minha vida adulta, nas minhas mãos.
Na terapia dizia querer lançar o barco, sem coleta salva-vidas.
Como de praxe me desfazer, de modo eloquente, de tudo que havia ministralmente construído.
Queria me lançar por inteira. Arriscando uma nova vida em Sampa.
Não queria tomar aquele ônibus e voltar para casa.
A ânsia me tomava. Queria de qualquer maneira me desfazer do cotidiano interiorano.
Era como se eu pudesse nascer de novo, em vida.
Ficava analisando aquela situação e algo parecia estar soando tão errado.
O erro era eu. Era a maneira como eu encarava aquilo.
Aquela sensação me inundou tanto que pedi demissão. Ninguém entendeu nada.
Como? Estamos gostando de você aqui.
Justifiquei que meus sólidos ideiais não podiam se dissipar.
Se São Paulo não podia ser minha, eu não seria de São Paulo.
A liberdade em mim falou tão mais alto.
Me desfiz da oportunidade de manter e lidar com a frustação.
Era só esperar mais um pouco e ir fazendo a curva. Sem 90 graus.
Tinha que me desfazer de algo..
Errei o alvo.
Era a pressa que tinha que ter ido embora.
Não eu.
Não a oportunidade de criar e ir me sustentando.

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