"É porque a representação nos exclui no lugar de incluir-nos. Nas eleições, escolhemos alguém para falar por nós e tomar nosso lugar. Excluímos a nós mesmos. Criamos uma separação entre aqueles que representam e nós, os representados. E congelamos essa separação no tempo, dando-lhe uma duração, excluindo-nos como sujeitos até que tenhamos a oportunidade de renovar a separação nas próximas eleições. Cria-se um mundo da política, separado da vida cotidiana da sociedade, um mundo da política povoado por uma casta distinta de gente que fala sua própria linguagem e tem sua própria lógica, a lógica do poder. Não é que esta gente esteja totalmente separada da sociedade e seus antagonismos: precisam preocupar-se com a próxima eleição, as pesquisas de opinião pública e os grupos organizados de pressão. Porém, veêm e escutam somente aquilo que está traduzido no seu mundo, sua linguagem e lógica. Ao mesmo tempo, cria-se um mundo da ciência política e jornalismo científico, que nos ensina a linguagem e lógica peculiares dos políticos e nos ajuda a ver o mundo através de seus olhos cegos.
A representação é parte do processo geral de separação que é o capitalismo. É totalmente falso pensar no governo representativo como um desafio ou como desafio potencial ao capital. A democracia representativa
não é oposta ao capitalismo: é mais uma extensão do capital. Projeta o princípio da dominação capitalista (ou seja, a separação) dentro de nossa oposição ao capital. A representação consolida a atomização dos indivíduos (e a fetichização do tempo e espaço) que o capital impõe. A representação separa os representantes dos representados, os líderes das massas, e impõe estruturas hierárquicas (..)
Conferência de John Holloway, o autor de 'Mudar o mundo sem tomar o poder' sustenta: “a esquerda sempre fracassará, enquanto não superar a democracia representativa”
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